terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Santa Cruz de la Vida

Quijarro foi ontem sacudido. A temperatura bateu os 42, a recepção esteve nos -43 , tanto no primeiro alojamento onde nos rejeitaram um quarto, quer pra banhos como pra mochilas ( e segundo a Luana, porque o Artur tem aquele porte de cavaleiro , de barba por fazer e cabeça que já esteve mais longe da nudez e pausar o traficante) como no tasco onde nos queriam chular pelo wifi e acabaram a chular no almoço , que era pra 10bolivianos e deu nos 30 Ou seja , na volta dos 3€ por uma sopa de milho quente, com tora! , mais uma pratada de frango com salada e afins, e uma mousse não sei do quê. O que estragou tudo foi o guaraná, mas com brasileiros ao lado, não dá pra dizer que não à coisa.
Tudo isto a fazer tempo pro trem, que ainda valeu uma caminhada até a "já ali" que se revelou um "esta merda nunca mais acaba" debaixo de um sol de queimar pêlo de braço. Fomos apanhar o carimbo que faltava no passaporte da Rita e voltar de táxi nem esteve aberto a discussão .
Nos entretantos lá apanhamos o trem.
Não haviam galinhas a voar , ninguém tinha cara de drogado, havia sanita. Mais : os bancos reclinavam, e havia televisão . Te-le-vi-são! A única coisa de morte neste trem eram os videoclipes a passar. Mãe, deves ter rezado bem. A Ferroviária Oriental investiu numa limpeza de prestígio , e lá me limparam 30€, uma sandes, e o sonho de Indiana Jones bolivian style.
Chegamos hoje de manhã a Santa Cruz , onde apanhamos um autocarro , que basicamente são umas potentes carripainas, a fazer formigueiro na cidade com gajas nuas coladas no vidro e as portas a cair, até ao hostel.
Pousadas as coisinhas , houve leite com café a queimar, mais um croissant modo por 70centimos. NHAMI! partimos para Los Pozos, o mercado.
Cholas de caras rasgadas por marcas solares , com aqueles olhos a perderem-se entre as rugas, a venderem milho, abacaxi , batata e eteceteras , ocupavam-se em esconder da câmera , ás vezes a enervarem-se. O não era sempre garantido, dito da mais curta forma possível. Uma ainda me deu uma trela, expliquei que era para os meus pais verem , que eu tinha vindo de longe , que ela era linda e poderosa , mas nem se eu comprasse trinta kg do que ela vendia ela me deixava leva-lá pra casa em .raw
Quando entramos no coração do mercado , em hora de ponta do estômago, com os queridos quarenta graus e pico, foi um enterrar num labirinto sob nuvem pesada de suor, correria, restos de frango, queijos a apodrecer , mãos na massa. Melhor; mãos ná carne. Paletas quase a cair no chão que há anos não tem tempo de secar.
Todo o Chavalo fica curioso , a fitar 5 gringos: duas loiras, uma morena, dois pinta de traficante.
Metem-se a fazer poses , a mandar uns assobios , a tentar vender da banca dos papitos.
Só eles é que nos disseram bienvenidos, em nome dos pais , que são só tímidos e desconfiados.
Bilhete para Sucre adquirido pra amanhã as 16h . Para hoje , vamos numa nova abordagem entrar em 2014, primeiro com um jantar de supermercado , depois com uma mescla forçada perto da praça, a ver se à noite e com foguetes a malta é mais amistosa. Santa Cruz ainda tem para dar.
A 15 minutos da virada tuga , fiufiu para todos do outro lado do oceano, sem passas nojentas , e com abraços koala.

Tchim Tchim de Santa Cruz desta vida












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