A chácara, em Rolândia, perto de Londrina, é um poiso esquisito.
"Canto dos 5 irmãos", canto das churrascadas, das redes, da piscina, do nada fazer.
Chegar, sentar, passar repelente, comer, levantar, passar repelente, dar um chuto numa bola perdida, passar repelente, molhar o pé na água, sentar, passar repelente, comer.
Sentada na cozinha de volta à cidade, com um meio bafo a entrar pela janela entreaberta, conto 21 pontos vermelhos nas pernas. É Natal.
Não parecia Natal até ao bacalhau.
Minto: Não parecia Natal até abraços que não eram os meus, orações distantes pra cacete.
Depois peguei nos 3 embrulhos que tinham vindo de Portugal por mão dos meus tios em Outubro, dentro da Eastpak do 9º ano, toda verde e azul com flores, mais a adaptação mal feita do slogan da Harley Davidson "Live 4 ride, ride 4 live" escrito na bolsa de fora. Tempos de rebeldia.
Enfim, tinha pedido que fossem ao meu quarto e mandassem uma coisa minha, que possivelmente eu gostaria de ver aqui. Parece que a história acabou com o meu amado progenitor a tirar da porta do quarto a plaquinha cliché "Quarto da Inês", seguido de um sentimento de culpa com a sensação de que me tava a expulsar de casa. Então está bem, mandemos outra coisa: a placa ainda não foi reposta, até à data desta publicação.
Abri o primeiro embrulho debaixo de suspeita: Chega-me uma sapatilha converse branca, pé direito, completamente rota. Tempos de rebeldia. Eu queria envelhecê-las, a minha mãe lavá-las, modas das quais não me orgulho. Verdade é que nunca foram para o lixo, e que eu agora tenho um pé aqui, e outro lá, segundo a Dona Manuela.
Tenho mesmo, provou-se quando abri os outros dois livros, bem escolhidos, de onde me caem 3 fotos: Uma da minha mãe, uma no dia do meu 2º aniversário, '95, encima da bela da Suzuki que me leva numas curvas (saudade) , e outra a dar o abracinho ao paizinho nos anos dele, banco da cozinha.
Ganharam!! Até o André me deixou meter uma foto nossa em putos no facebook, "sem idenificar", claro.
Família.
É uma aproximação quentinha esta, de ninho mesmo. De não queremos saber sobre a metereologia do teu sangue, apenas que estás bem, e que estamos aqui para ti. De não importar o porquê ou o modus operandi, de não importar o entendimento que eu a início tanto me esforçei por transmitir e que, no final da contas, não importa perante algo tão grande, tão maior.
Afinal, um dos livros que mandaram é sobre o amor que se encontra em deixar ir
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