quinta-feira, 22 de agosto de 2013

assentamento

    Semana 1: a viver numa casa na árvore, com macacos no jardim, e sem internet. Qual BBC.

    Selvagem foi o frio, a chuva intensa, as caras desconhecidas, a falta de orientação, a nega inicial a 4 cadeiras em 5, a precipitação de mudar de casa, o pagar à polícia por uma carteira que não vou chegar a ver porque me vou embora antes de ficar pronta. Depois foi perder uma pasta com alguns docs e algum dinheiro num autocarro que não sabia qual era por já ter apanhado dois.
   
   Tudo bem, há um brasileiro descontraído que me vê aflita e diz-me pra relaxar, porque no Verão tudo melhora. Mas o verão ainda não chegou. A pasta, no entanto, apareceu intacta ao inicio da noite num autocarro a caminho da garagem. Ainda há esperança, e óptimos pastéis nos terminais.
 
   Temos é que ter calma, daquela calma nativa dos técnicos da internet e dos funcionários de caixa dos supermercados. Aqui há sempre tempo: exactamente o que preciso agora, para poder assimilar a aula que o prof dá descalço, para habituar o ouvido ao sertanejo, para travar amizade com o senhor dos correios. Deste lado já estou, posso respirar e a preparar emancipações.



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Fase 2

A maré tá agitada, o modo de absorção ganhou um ritmo demasiado acelerado. Foram muitos olás ocos, e outros bem calorosos. Foi um desligamento de chapão, uma descoberta espectacular, de ir e ficar pouco pra poder ir outra vez. foi ver imenso, cheirar, observar, mas calar pouco. Depois de andanças alucinantes, foi da roxa terra à fria água, de brasileiro a espanhol mal amanhado. Foi do avião com bolachas e suminho ao ônibus de motorista doido, com o vizinho de 10 horas mais malcheiroso de sempre a tossir-me para cima e a falar durante o sono. Em pouco, já ouvi os lá do interior a dobrar as palavras, já me trataram pelo tu mal conjugado e pelo cê abreviado, pela 'mina e a guria, pela moça e pela ineiz. Descobri a banana, o pastel, o mamão, a mandioca, a carne do gaúcho e a paella do catarino.
É um bom balanço, mas percebi que ainda agora começou. Teve de acalmar o ritmo, é preciso tratar dos assuntos sérios - seríssimos. De ser bem vinda pela última vez durante uns tempos , e arranjar um armário que não tenha alças para guardar a roupinha.